sexta-feira, 12 de junho de 2009

E a TV, como fica?


Como sempre eu, em uma divagação inútil qualquer, estava imaginando o desatino que tem virado o futebol nacional em função da TV, que hoje em dia representa um poder maior que o da CBF no cenário nacional. Venhamos e convenhamos, quarta feira, 22:00 horas, não é horário para trabalhador nenhum estar no estádio, afinal, no outro dia, bem cedo, ele tem que estar de pé para trabalhar. Mas o poderio das grandes redes de comunicação continua.



É possível até brincar de futurólogo e adivinhar qual vai ser o futuro das competições nacionais. Finalíssima do mineiro, Atlético e Cruzeiro aos 43 do segundo tempo empatados, numa disputa em que quem vencer por uma diferença simples se sagra campeão estadual. Diego Tardelli cara a cara com o goleiro Fábio, em lance de grande perigo. Congelam a imagem durante o jogo ao vivo, e entra o narrador:
“Será que o grande artilheiro Diego Tardelli vai marcar pelo Galo de Vespaziano? Ou mais uma vez brilhará a estrela do goleirão Fábio? Não perca, logo após os comerciais”.


Isso também pode ser ilustrado de outra maneira. Vejamos a Copa do Brasil. Um dos pouquíssimos campeonatos na atualidade, cujas regras permitem uma disputa de pênaltis. Segundo jogo da semifinal, Cruzeiro e Flamengo terminam empatados no tempo regulamentar, e vão pra decisão por pênaltis, pra decidir quem irá disputar a final contra o Corinthians, previamente classificado. Por enquanto dois a dois na disputa.



O Gladiador Cleber ajeita com carinho, pronto pra mandar um míssil entre as metas do arqueiro Bruno. Toma distância, se prepara, e no início da corrida o Boni invade o campo e começa a gritar feito louco:
“Pode parar, se demorar demais atrasa o Zorra Total. Classifica o Flamengo mesmo que Rio-São Paulo, a audiência é maior. O Cruzeiro perdeu!”
Claro que tudo isso com a CBF dizendo amém.


E em virtude disso, acabei por fazer a Cartilha do Torcedor Precavido, onde ensino como proceder com toda essa balbúrdia criada pelo poder ilimitado da televisão e a crescente insegurança nos estádios de futebol. Tudo num formato de perguntas e respostas:

Pergunta: Eu devo ir aos estádios ver meu time?
Resposta: Normalmente eu diria não, mas se você é um apaixonado de saco muito roxo, a resposta muda para “Depende muito. A primeira coisa a fazer é olhar o horário. Com o recente domínio da TV, após as 2:00 da manhã, é considerado tarde e perigoso. Verifique se seu time vai jogar mais cedo”.

P: O que devo levar?
R: Antigamente, eu recomendaria a bandeira e flâmula do seu time, um radinho de pilhas, e uns R$40,00 pra gastar com lanche dentro do estádio e transporte de ida e volta. Hoje em dia, acho melhor levar um colete a prova de balas, devidamente personalizado com o distintivo do seu clube do coração.

P: E se estoura uma confusão do meu lado, o que devo fazer?
R: Tem carro blindado? Não? Tem um escudo da Tropa de Choque? Também não? Então comece a correr como uma lebre, agarre-se a um terço, e reze para o seu santo protetor.

Existe alguma segurança num estádio de futebol?
R: Que pergunta estúpida, claro que não.

P: Mas eu quero ir, oras, como devo proceder no transporte?
R: A menos que tenha um teleportador, ou o equipamento que mencionei anteriormente, fique em casa, e contente-se com o seu telão de 21 polegadas.

P: E pra torcer em casa, como faço?
R: Esqueça a cervejinha no sofá, que isso é coisa do passado. Com a rede Globo mandando e desmandando, troque todas as latinhas por um estoque de Red Bull, e arrume um despertador com toque de sirene. Com esses horários de meio de semana, só assim pra garantir que você fique acordado até o fim da partida, e que não vai perder a hora pro trabalho no dia seguinte.

Mas enfim. Vou me estendendo demais. A propósito, o que será que vai rolar no pay per view hoje?


Texto: Danilo C. Nogueira

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